Existem estudos que sugerem uma possível ligação entre lesões na cabeça e o aumento do risco de desenvolvimento de tumores cerebrais agressivos.
Embora essa associação ainda seja considerada rara, pesquisadores do Instituto do Câncer da University College London (UCL) publicaram um estudo recente na revista Current Biology que indica essa relação.
Risco de desenvolver câncer no cérebro é baixo, mas a relação existe
Segundo os pesquisadores, é importante observar que o risco de desenvolver câncer no cérebro é geralmente baixo, portanto, mesmo após uma lesão, o risco permanece modesto. Mas a experiência avançou quanto ao assunto.
A indicação é de que os traumas cerebrais podem contribuir para o desenvolvimento de gliomas, que são crescimentos de células que surgem no cérebro ou na medula espinhal.
As descobertas indicam, portanto, que, além de mutações genéticas, uma lesão no cérebro pode desencadear um efeito sinérgico, multiplicando os resultados.
O estudo recente mostrou que uma lesão cerebral pode fazer com que os astrócitos, um tipo de célula cerebral, voltem a se comportar como células-tronco, que são células primordiais do organismo humano.
Entenda a pesquisa realizada em laboratório sobre lesão cerebral
No estudo liderado pelo professor Simona Parrinello, foi investigado se uma lesão na cabeça poderia levar à formação de tumores pelos astrócitos.
Para isso, substâncias foram injetadas em camundongos para direcionar os astrócitos. Foi desativada a função do gene p53, conhecido por desempenhar um papel crucial na supressão de diversos tipos de câncer. Outro grupo de camundongos teve o gene p53 inativado, mas não sofreu traumatismo cerebral. O terceiro grupo, de controle, teve o gene p53 preservado.
Observou-se que, em condições normais, os astrócitos têm uma estrutura altamente ramificada. No entanto, sem a função do gene p53 e somente após uma lesão, os astrócitos retraíram seus ramos e adquiriram uma forma mais arredondada. Embora não tenham se transformado completamente em células-tronco, algo mudou em seu comportamento.
Os camundongos foram observados ao longo do envelhecimento, e as células retornaram completamente a um estado semelhante ao de células-tronco, exibindo marcadores de gliomas primordiais que têm a capacidade de se dividir.
Esses resultados sugerem que a inflamação decorrente de uma lesão cerebral grave pode resultar em mutações em determinados genes. Com o passar do tempo, essas alterações podem tornar os astrócitos mais propensos a iniciar o desenvolvimento de um câncer cerebral.
Quem sofre traumatismo craniano tem até 4 vezes mais chances de câncer cerebral
Para levar essa experiência de laboratório para a vida real, os pesquisadores analisaram os registros médicos de mais de 20 mil pessoas. Todas elas foram diagnosticadas com lesões na cabeça. A taxa de câncer cerebral foi comparada com um grupo de controle.
Descobriu-se que os pacientes que sofreram traumatismo craniano, tinham até quatro vezes mais chances de desenvolver câncer cerebral no futuro. Isso, em relação àqueles sem histórico de lesão na cabeça.
De acordo com o pesquisador, a pesquisa em cérebros jovens indica que a inflamação basal é baixa, o que pode ajudar a controlar as mutações mesmo após uma lesão cerebral grave.
No entanto, à medida que envelhecemos, os estudos em camundongos sugerem que a inflamação aumenta em todo o cérebro, principalmente na área onde ocorreu a lesão anterior.
Em cérebro jovem, a inflamação basal é baixa
“De acordo com a pesquisa em cérebro jovem, a inflamação basal é baixa, então as mutações parecem ser mantidas sob controle mesmo após uma lesão cerebral grave. Mas, com o envelhecimento, nosso trabalho com camundongos sugere que a inflamação aumenta em todo o cérebro, mas mais intensamente no local da lesão anterior”, conclui o pesquisador Simona Parrinello.
Esses achados ressaltam a importância de compreender os mecanismos moleculares envolvidos na relação entre lesões na cabeça e tumores cerebrais.
A pesquisa destaca a necessidade de monitorar, de perto, os indivíduos que sofreram traumas cranianos. Especialmente à medida que envelhecem, a fim de identificar precocemente qualquer sinal de desenvolvimento de câncer cerebral.
É fundamental que médicos e pesquisadores continuem a investigar essa conexão.
E também que aprofundem o conhecimento sobre os fatores de risco, os mecanismos biológicos envolvidos e as estratégias de prevenção.
Essas descobertas fornecem uma base científica sólida para avançar no entendimento e no manejo clínico dos pacientes que apresentam lesões na cabeça. E corrrelacionar a um possível risco aumentado de tumores cerebrais.
Identificação de sinais de câncer em pacientes com histórico de lesões na cabeça é fundamental
A conscientização sobre essa relação e a identificação precoce de sinais de câncer cerebral em pacientes com histórico de lesões na cabeça são essenciais para garantir diagnóstico e tratamento adequados.
Além disso, mais pesquisas são necessárias para desenvolver estratégias preventivas e terapêuticas eficazes. O objetivo é o de reduzir o risco e melhorar os resultados para esses pacientes.
Em suma, embora a ligação entre lesões na cabeça e tumores cerebrais ainda seja considerada rara, estudos recentes estão fornecendo uma compreensão mais profunda dos mecanismos envolvidos.
É fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes dessa possível associação. Assim, podem ser capazes de identificar os sinais precoces de câncer cerebral em pacientes com histórico de lesões na cabeça. E, dessa forma, podem garantir o melhor cuidado possível.
Esperamos que este artigo tenha ajudado a torná-lo por dentro das novidades relacionadas ao assunto. Em caso de dúvidas, procure um neurocirurgião.