Espondilolistese que afeta Alcione tem tratamento

A espondilolistese é uma doença da coluna vertebral que pode causar dor e comprometer a qualidade de vida dos pacientes. A doença, que fez a cantora Alcione passar, recentemente, por um procedimento cirúrgico na coluna vertebral, pode gerar problemas graves para a coluna, como a deformidade e compressão da medula espinhal, prejudicando os movimentos.

O “distúrbio” afeta a coluna e provoca grande dificuldade de movimentação dos membros inferiores, além de quadros de dor lombar, fraqueza nas pernas ou formigamento. Estes são alguns dos sintomas dessa condição e que podem ser confundidos com uma hérnia de disco.

Trata-se de uma condição degenerativa da coluna vertebral que afeta um grande número de pessoas em todo o mundo. 

“A espondilolistese ocorre quando uma vértebra da coluna se desalinha e se move sobre outras vértebras, como se saísse do lugar, causando instabilidade na coluna”, explica o neurocirurgião da Tracto Neuro, Afonso Henrique Dutra de Melo.

Como prevenção, é indicada a atividade física sem alto impacto, como forma de fortalecer a musculatura do tronco, assim como fazer a manutenção do peso corporal adequado e restrição de atividades de alto impacto ajudam na prevenção, mas as características genéticas envolvidas não garantem que a prevenção será o suficiente.

Causas, sintomas e diagnóstico da espondilolistese

A doença pode ser congênita, ou seja, quando o paciente nasce com ela, ou adquirida por estresse ósseo, doença reumatológica, traumatismos, entre outras causas. 

Os principais sintomas costumam começar com dores lombares (lombalgia) leves, podendo evoluir para dores mais fortes na lombar. Pode também progredir, irradiando a dor para os membros inferiores (comumente nas pernas, caso exista alguma compressão das raízes nervosas). Entretanto, é uma doença frequentemente assintomática tanto em crianças quanto em adultos. 

Em muitos casos, o deslocamento da vértebra pode ser assintomático, mas em outros, ao comprimir as raízes nervosas, pode gerar muita dor.

Para indicar a gravidade do escorregamento das vértebras, utiliza-se a classificação Meyerding, uma escala do grau de deslizamento da vértebra, que varia do grau 1, menos grave, ao 5, mais grave.

O tratamento depende do chamado “grau de escorregamento”, assim como dos sintomas apresentados pelo paciente. 

Os tratamentos neurocirúrgicos, como fusão espinhal, descompressão neural, cirurgia de correção estrutural e técnicas minimamente invasivas, oferecem opções para aliviar a dor e restaurar a estabilidade da coluna. No entanto, é importante lembrar que nem todos os pacientes precisam de cirurgia e que o tratamento conservador também pode ser eficaz. 

O diagnóstico é realizado por meio de radiografias da coluna. O exame pode demonstrar o escorregamento. A ressonância magnética é importante para os pacientes que apresentam irradiação das dores para os membros inferiores, uma vez que permite a visualização direta das raízes e possíveis compressões. 

Tipos e incidências da doença de espondilolistese 

Diferentes motivos podem levar uma vértebra a “escorregar”, causando a espondilolistese. 

Nos adultos, com mais de 50 anos, esse escorregamento acontece pela degeneração do disco e das articulações, acometendo principalmente entre a quarta e a quinta vértebras lombares. É conhecida como espondilolistese degenerativa. 

Já as crianças e os adolescentes também podem apresentar essa condição, no entanto, esse escorregamento ocorre por uma falha semelhante a uma fratura em uma região da vértebra. É chamada de espondilolistese ístmica e é mais frequente entre a última vértebra lombar e o sacro.

Existem ainda outros tipos de espondilolistese menos frequentes:a  congênita, devido a defeitos presentes ao nascimento, e atraumática, devido a fraturas e metabólica em decorrência de doenças ósseas que tornam a coluna mais frágil. 

Segundo o ortopedista Guilherme Meyer, do Hospital Israelita Albert Einstein, “a espondilolistese degenerativa é 4 vezes mais comum nas mulheres em relação aos homens, com uma incidência em torno de 8% e 2%, respectivamente. Enquanto a espondilolistese ístmica acomete cerca de 4% das crianças, sendo mais comum nos meninos. Jovens esportistas submetidos a muito impacto como os ginastas têm uma incidência aumentada, que pode chegar a 40%.”.

Tratamentos conservadores funcionam em alguns casos

Como já foi dito, a espondilolistese é uma condição que pode ser assintomática e quando há sintomas, em alguns casos, analgésicos e antiinflamatórios podem ser usados com a finalidade de reduzi-los. 

A fisioterapia, correções posturais e exercícios de fortalecimento do tronco são importantes no tratamento e prevenção das dores. A restrição de alguns esportes e uso de um colete podem ser úteis para as crianças, por exemplo, nas fases iniciais da doença. 

No entanto, quando existe falha do tratamento conservador, é indicado o tratamento cirúrgico. Geralmente quando ocorre a compressão das raízes nervosas. Em casos assim, a cirurgia consiste no reposicionamento da vértebra escorregada e descompressão das raízes, produzindo excelentes resultados. 

Tratamentos neurocirúrgicos para a espondilolistese

Durante as crises agudas, pode ser feito o uso de coletes, medicamentos, fortalecimento muscular, podendo chegar à necessidade de cirurgia, nos casos mais graves da doença.

Embora existam várias abordagens de tratamento, neste artigo, vamos nos concentrar nos tratamentos neurocirúrgicos para a espondilolistese. Nosso objetivo é fornecer uma visão geral acessível sobre esses procedimentos.

  • Fusão espinhal

Um dos tratamentos neurocirúrgicos para a espondilolistese é a fusão espinhal, que visa estabilizar a coluna vertebral, impedindo o movimento excessivo entre as vértebras afetadas. 

Durante a cirurgia, os neurocirurgiões usam enxertos ósseos e instrumentação especializada  para criar uma fusão sólida entre as vértebras. Isso ajuda a aliviar a dor e melhorar a estabilidade da coluna.

  • Descompressão neural

Quando a espondilolistese comprime as raízes nervosas da coluna, podem ocorrer sintomas como dor, dormência ou fraqueza nos membros inferiores. Nesses casos, a descompressão neural pode ser recomendada como tratamento neurocirúrgico. 

Durante o procedimento, o neurocirurgião remove o tecido ósseo ou discos herniados que estão pressionando as raízes nervosas, aliviando a compressão e reduzindo os sintomas.

  • Correção estrutural

Em casos de espondilolistese grave ou recorrente, pode ser necessário realizar uma cirurgia de correção estrutural. O procedimento tem por objetivo realinhar a coluna vertebral, corrigindo o deslocamento da vértebra afetada. 

O neurocirurgião pode usar técnicas avançadas, como osteotomias, para remodelar as vértebras e restaurar a estabilidade adequada da coluna.

  • Cirurgia minimamente invasiva

Um tratamento neurocirúrgico relativamente novo para a espondilolistese é a cirurgia minimamente invasiva. Nesse tipo de procedimento, são realizadas pequenas incisões e utilizadas técnicas especiais que permitem ao neurocirurgião acessar a coluna vertebral com menos trauma aos tecidos circundantes. 

Essa abordagem resulta em uma recuperação mais rápida, menos dor pós-operatória e menor risco de complicações.

Escolha da cirurgia depende de análise de cada caso

Apesar dos avanços nos tratamentos neurocirúrgicos, nem todos os pacientes com espondilolistese necessitam de cirurgia. Em muitos casos, o tratamento conservador, como fisioterapia, medicamentos para dor e exercícios de fortalecimento muscular podem ser eficazes para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. 

É fundamental que os pacientes consultem, portanto, um neurocirurgião especializado para determinar o melhor curso de tratamento para o seu caso específico. Afinal, cada paciente é único e a escolha do tratamento neurocirúrgico para a espondilolistese deve ser baseada em uma avaliação individualizada. 

O neurocirurgião irá considerar a gravidade da condição, os sintomas apresentados, a idade e o histórico médico do paciente, entre outros fatores, para tomar a melhor decisão. Um diálogo aberto entre o paciente e o médico é fundamental para garantir o melhor resultado possível.

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